O pacote de medidas deve ser anunciado nos próximos
dias pelo Ministério da Saúde
Para acabar com os locais exclusivos a fumantes, será necessário
mudar lei de 1996, que restringe no país propaganda de cigarro
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Saúde vai incluir no pacote de medidas
para o setor, que vem sendo chamado de PAC da Saúde, a proibição
de fumo em ambientes fechados, banindo os fumódromos. O pacote,
em discussão no governo, deve ser anunciado nos próximos
dias.
Para acabar com os fumódromos, será necessário
mudar -não se sabe ainda se por projeto de lei ou por meio de
medida provisória- a lei nº 9.294, de 1996, que restringiu
a propaganda de cigarro.
A norma proíbe o fumo em recintos fechado, mas o autoriza "em
área destinada exclusivamente a esse fim, devidamente isolada
e com arejamento conveniente".
A condenação ao fumódromo já constava da
"Convenção-Quadro para o Controle do Tabagismo",
da OMS (Organização Mundial da Saúde), ratificada
em 2005 por 167 países, inclusive o Brasil.
Por causa da lei de 1996, no entanto, ela ainda não foi implementada
no país.
Neste ano, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
lançou consulta pública para uma futura regulamentação
dos fumódromos, como uma área mínima de 4,8 m2,
portas automáticas e acesso por uma única via.
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, porém,
se opôs à consulta popular.
Ele argumenta que não há "níveis seguros"
para a exposição à fumaça e que os recintos
exclusivos aos fumantes não protegem os trabalhadores dos locais,
como garçons, dos efeitos nocivos do cigarro.
De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o tabagismo
causa 200 mil mortes por ano no Brasil. O órgão diz ainda
que os fumantes passivos têm risco 23% maior de ter doença
cardiovascular e também 30% maior de desenvolver câncer
de pulmão.
O fumo em ambientes fechados foi banido em Nova York em 2003. No ano
passado, a França fez o mesmo.
Pesquisa Datafolha realizada em 2006, mostrou que 83% dos paulistanos
eram favoráveis a banir o fumo de restaurantes. Quando foi perguntado
em bares e casas noturnas, no entanto, o percentual caía para
63% e 62%, respectivamente.
A Folha procurou na noite de ontem o Sindifumo (Sindicato da Indústria
do Fumo do Estado de São Paulo), mas não conseguiu localizar
um representante para comentar a medida do Ministério da Saúde.
Folha de São Paulo, em 12/09/07