Combate será feito nos colégios

Juliana Daibert
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A partir do ano que vem, o tabagismo vai virar lição de casa para os alunos da rede municipal de ensino de Maringá. A Secretaria da Saúde está produzindo uma cartilha com atividades lúdicas sobre o tema para distribuir aos alunos do ensino fundamental.

Segundo Claudiane Rossi, coordenadora de Saúde Mental da secretaria, o material incentiva hábitos saudáveis e a não adesão ao cigarro e ao álcool.

Muitos alunos, no entanto, têm os malefícios provocados pelo tabagismo na ponta da língua. "Cigarro faz mal, prejudica o pulmão, deixa a pessoa viciada e pode causar a morte", explicou Rodolfo Vieira, 9 anos, que estuda na 4º série da escola Campos Salles. Ele diz sair de perto toda vez que alguém acende um cigarro, inclusive quando o fumante é o seu avô. "Ele começou a fumar quando era moço. Já pedi a ele para parar várias vezes, mas não adianta", diz o garoto. Rodolfo aprendeu na escola tudo o que sabe sobre os problemas que o hábito de fumar provocam, nas aulas de ciências e nas palestras do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), da Polícia Militar.

Seis primos e o padrasto de Lucilene Oliveira, 12 anos, são fumantes. Para ela, a influência que recebe dos parentes é insuficiente para despertar seu interesse pelo cigarro. Ao contrário, ela gostaria que todos interrompessem o vício. Mas, diferente de Rodolfo, Lucilene não comenta sobre seu desejo. "Não falo nada com eles porque acho que não adianta", diz.

Teresa Konhevalike, professora da turma, se diz satisfeita com o nível de informações e conscientização sobre o problema. Para ela, que vê nos constantes trabalhos desenvolvidos em sala de aula parte do mérito dessa consciência, é importante que a família colabore em não incentivar o tabagismo. "A referência familiar é muito forte para a criança. Ela precisa ser muito firme para não ser influenciada pelos hábitos das pessoas que ama e admira", avalia.

Em Iguatemi, um projeto piloto de prevenção ao tabagismo começou a ser desenvolvido na escola municipal Rui Barbosa, em setembro. Coordenado pelo professor Celso Conegero, coordenador do Projeto Tabagismo da Universidade Estadual de Maringá (UEM), o projeto consiste em conscientizar os alunos sobre os malefícios do cigarro e fazer o perfil do fumante no distrito.

Durante as palestras, os alunos têm contato com coração, pulmão e cérebro de fumantes, materiais que integram o acervo do Museu Dinâmico Interdisciplinar da UEM. "Eles ficam muito surpresos. Uma coisa é dizer que o cigarro faz mal, outra é ver o resultado desse malefício", diz Conegero.

Dos cerca de mil alunos da escola, 30 foram selecionados para acompanhar a segunda parte do projeto. A equipe visitou 350 residências e aplicou um questionário para descobrir se há fumantes, idade, há quanto tempo fuma etc... "Quando a criança se torna multiplicadora ela tem grande chance de não fumar além de cobrar do fumante que abandone o vício", explica o coordenador do projeto.

Crianças são mais suscetíveis ao tabaco

Redação
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As crianças, por estarem em processo de formação, são muito mais vulneráveis aos efeitos nocivos do tabaco. A multiplicação celular da criança ocorre em ritmo acelerado. Por isso, apenas a exposição à fumaça do cigarro já pode intensificar o risco de mutações malignas no organismo.

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 700 milhões de crianças em todo o mundo - metade da população infantil mundial - respiram fumaça de cigarro diariamente.

Segundo o pediatra Juarez de Oliveira, além de câncer, há possibilidade de a criança desenvolver com maior rapidez doenças respiratórias, em especial a asma, e também alérgicas.

"Pesquisas apontam que as crianças de colo acabam fumando um terço de cada cigarro que a mãe fuma. Fumar durante a gravidez faz com que a criança nasça prematura e com sérias complicações", alerta o pediatra.

Conforme o médico, a concentração de substâncias tóxicas no organismo (nicotina e alcatrão, por exemplo) de crianças que fumam é muito maior em comparação aos adultos pela diferença corpórea.

O médico recomenda a velha regra: não fumar perto de crianças para não causar influências negativas e não permitir que elas fiquem em ambientes com fumaça de tabaco. "Os efeitos maléficos cardio-respiratórios do cigarro estão mais do que comprovados".

O Diário do Norte do Paraná, em 13/10/07