Pesquisadores criam vacina contra dependência química
CHICAGO, EUA (AFP) — Pesquisadores desenvolveram uma vacina promissora contra a dependência química, que impede o corpo humano de sentir os efeitos da substância ingerida, disse um dos autores do estudo nesta terça-feira.
A vacina obriga o sistema imunológico a reconhecer a droga como um corpo estranho e a atacá-la, detalhou Thomas Kosten, professor de Psiquiatria e de Neurociência do Baylor College of Medicine, em Houston (Texas, sul dos EUA), que trabalha nessa vacina desde 1995.
O paciente recebe uma versão modificada da droga, à qual está agregada uma proteína que o corpo reconhece como uma ameaça, completou, em entrevista por telefone à AFP.
"O corpo, então, diz: 'é um elemento estranho. Tenho de começar a fabricar anticorpos'", explicou o especialista.
A esperança é que esta vacina possa permitir evitar que as pessoas caiam em uma espiral de dependência em casos de recaída.
Os resultados mais promissores foram constatados com a cocaína, mas os pesquisadores esperam que a vacina possa, um dia, ser utilizada para o vício em metanfetaminas, heroína e até cigarro.
"A vacina diminui, progressivamente, a quantidade de cocaína que atinge o cérebro", relatou Kosten, acrescentando que "é um processo lento, e os pacientes não sofrem síndrome de abstinência".
Em caso de uso da droga, "gradualmente, o nível dos anticorpos se elevaria. Se você continuar a usar (cocaína), os efeitos serão cada vez menos fortes", disse o cientista.
Segundo ele, os testes da vacina contra o vício em coca incluíram uma série de cinco injeções, por um período de três meses.
A vacina ainda deve ser experimentada em uma escala maior, antes de dar início ao processo que visa à aprovação da FDA, a agência americana que controla o setor de remédios e produtos alimentares nos Estados Unidos, frisou Kosten.
Uma vacina similar para a dependência do cigarro já está sendo desenvolvida por vários grupos de pesquisadores europeus, mas a de Kosten, para a cocaína, é a mais avançada, de acordo com o próprio cientista.