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Comportamento tabagismo - Ritual de auto-afirmação

Atraídos por cigarros com aromas, jovens começam a fumar cada vez mais cedo

Humberto Siqueira
D+


Euler Junior/EM

Fernanda Neves Paixão tem 21 anos e tenta parar de fumar há sete, vício que adquiriu na adolescência

O tabagismo é um hábito cada vez mais presente entre os jovens de todo o país, seduzidos pelo vício cada vez mais cedo, o que torna seu efeito ainda mais maléfico, segundo afirma o médico psicoterapeuta Cláudio Pérsio. Entre as drogas mais consumidas por esse público, o cigarro perde apenas para o álcool.

Especializado em atendimentos a adolescentes, Cláudio alerta que muitos jovens começam a fumar por influência de amigos. “É como se fosse um ritual de auto-afirmação, quando é preciso tragar para ser aceito – forma encontrada para demonstrar comando, autonomia e independência. Se recusar, é taxado de careta. O mesmo ocorre com as meninas, mas com pequenas diferenças.”

Há algum tempo, esse processo envolvia jovens entre 17 e 18 anos. Hoje, já ocorre entre 12 e 14 anos. E quanto mais cedo o vício chega, pior para o usuário. “Existe a desconfiança de que a indústria tem colocado certos corantes e aromatizantes para atrair o público jovem. De todas as drogas ou dependência química, o cigarro é a mais passível de ser curada, mas a longo prazo é a mais letal”, adverte Cláudio.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmam: 50% dos jovens que experimentam derivados do tabaco tornam-se fumantes na vida adulta. A maior parte dos dependentes químicos ingressou no vício – qualquer um deles – na juventude. Segundo dados de 2003 do Instituto Nacional do Câncer (Inca), cerca de 90% dos fumantes brasileiros aderiram ao tabagismo antes de 18 anos.

O médico aconselha aos pais que conversem francamente com os filhos. “Eles devem procurar antecipar ao adolescente que o cigarro lhe será oferecido, mas sem ser pejorativo, e indicar outras formas de afirmação, como o esporte. Eles também devem mostrar exemplos de quem fuma, como um tio ou tia, explicitando a dificuldade dessa pessoa em deixar o vício. A idéia é fazê-lo perceber que não vale a pena consumir algo que vai lhe causar sofrimento, já que é muito difícil abandonar o hábito.”

Aos 24 anos e fumando desde os 15, Willian Geraldo da Silveira confessa que ser fumante lhe preocupa, quando reflete a respeito. No 6º período de biomedicina, aprendeu um pouco com o estudo sobre as doenças ligadas ao cigarro. “Tenho medo de desenvolver um câncer ou doenças pulmonares, cardíacas e coronarianas. Espero conseguir me livrar da dependência”, enfatiza.

Sucesso

Jéssica Pereira Guimarães, de 19, já conseguiu esse êxito. Acendeu o primeiro cigarro aos 14, incentivada por uma amiga. Hoje, reconhece que escapou de uma armadilha. “Fumei diariamente por um ano e minha qualidade de vida caiu bastante. Vejo também pelo meu namorado. Aos 26 anos e fumando há 13, já não tem o mesmo fôlego de quando praticava natação”, compara.

Consumindo praticamente um maço por dia, Fernanda Neves Paixão, de 21, confessa ter tentado deixar o cigarro por várias vezes nos últimos sete anos, sem, contudo, obter sucesso. Quando tinha 16, contou à mãe, também fumante, e foi repreendida. “Ela não tinha moral para me reprimir, já que também fumava”, garante. Quando não fumava, Fernanda se sentia ansiosa, impaciente e agitada. Agora pretende buscar um auxílio-médico para não cair na armadilha novamente. “Dos meus amigos, 90% fumam, o que dificulta largar o cigarro, pois estamos sempre em contato. Vou precisar de muita força de vontade.”



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