Mais
uma má notícia vem se somar ao rol de malefícios do
cigarro: fumar acelera a entrada das mulheres na menopausa.
Trata-se de um período intenso e desconfortável na vida
delas – enfrentam-se a secura vaginal, as ondas de calor,
os suores noturnos, a insônia. Para não falar do impacto
psicológico que significa o fim da ovulação. Os sintomas
da menopausa costumam aparecer por volta dos 50 anos.
Já entre as mulheres que fumam, o risco de isso ocorrer
antes dos 45 anos é 60% maior. É o que conclui um estudo
coordenado por médicos do Instituto de Saúde Pública
norueguês e da Universidade de Oslo, na Noruega. Entrar
mais cedo na menopausa não é apenas uma questão de enfrentar
antes da hora uma série de aflições. Com o fim do ciclo
reprodutivo, o organismo deixa de produzir estrógeno,
o hormônio sexual feminino. Como a substância protege
ossos e artérias, sobretudo, a falta dela deixa a mulher
mais suscetível a doenças como osteoporose, infartos
e derrames.
Depois
de avaliarem informações relativas a mais de 2.000 mulheres,
os pesquisadores encontraram evidências de que o risco
de antecipação da menopausa é proporcional aos anos
de vício e ao número de cigarros que se fuma. "Esse
dado é mais um a demonstrar que o impacto do cigarro
sobre a saúde das mulheres é ainda maior do que os seus
efeitos deletérios na saúde masculina", diz o ginecologista
Rogério Bonassi, da Associação Brasileira de Climatério
(veja o quadro). O tabagismo pode interferir
na quantidade de estrógeno por causa da nicotina e do
monóxido de carbono, os principais componentes do fumo.
O monóxido de carbono reduz o volume de oxigênio transportado
pelo corpo. Isso faz com que o aporte sanguíneo para
determinados órgãos e tecidos – especialmente aqueles
que precisam de muita irrigação, como os ovários – também
diminua. O resultado dessa redução é uma queda acelerada
da produção do hormônio, até seu fim definitivo. A nicotina,
por sua vez, aumenta a velocidade com que o corpo gasta
o estrógeno.
Outro
dado preocupante, agora para as ex-fumantes: somente
depois de dez anos de abandono do vício a probabilidade
de ocorrência de menopausa precoce volta a ser igual
à de mulheres que nunca fumaram. A pesquisa norueguesa,
contudo, desmente estudos anteriores que associavam
o fumo passivo e o consumo de café e de bebidas alcoólicas
à menopausa precoce. Até onde se sabe, eles não têm
nenhuma influência nesse sentido.