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UE quer cigarros
seguros para prevenir incêndios
CÉU NEVES NATACHA CARDOSO-ARQUIVO DN
(imagem)
O
fogo provocado pelo cigarro mata centenas de pessoas na União Europeia, na
sua maioria idosos. Em Portugal, estima-se que as beatas acesas sejam
responsáveis por 18% dos fogos florestais por negligência. O alerta é da
Comissão Europeia, que acaba de estabelecer um plano para combater os
incêndios devidos ao tabaco. Quer que as tabaqueiras alterem o fabrico dos
cigarros para que se apaguem rapidamente quando são esquecidos.
A
Comissão defende que sejam tomadas medidas a nível dos Estados membros,
como as que já existem em algumas zonas dos Estados Unidos e no Canadá.
Utilizam uma técnica de fabrico que permite que o cigarro se apague
rapidamente quando alguém se esquece dele. Segundo a Associação Nacional
de Protecção de Fogos (NFPA), diminuíram os incêndios provocados pelo
tabaco mas os incêndios devidos ao cigarro continuam a matar entre 700 e
900 pessoas por ano.
Um estudo idêntico em 14 Estados membros da
UE, realizado entre 2005 e 2007, mostrou que os cigarros provocam 11 mil
incêndios todos os anos, com 520 mortos e 1600 feridos. Os idosos são os
mais atingidos. Segundo a NFPA, este grupo é quatro vezes mais atingido
por este tipo de acidente que os restantes cidadãos.
O que se pede
aos fabricantes é que utilizem duas ou três bandas de papel para enrolar o
tabaco, criando uma espécie de barreira que permite que o cigarro se
apague automaticamente se alguém se esquecer que o tem aceso. Qualquer
cigarro é uma fonte de calor fraca que leva tempo a dar início a um
incêndio e um fire-safer permite que se apague antes de incendiar
objectos como o mobiliário e a roupa de cama, o que, segundo os membros da
Comissão, pode salvar muitas vidas.
"O ideal seria que ninguém
fumasse. É mau para a saúde de quem fuma e para as pessoas que estão à sua
volta. Mas se as pessoas escolhem fumar, temos de exigir às empresas que
façam uma pequena alteração técnica no fabrico e que evitam acidentes
dramáticos, não só para o ambiente como para os consumidores mais
vulneráveis dentro das suas próprias casas", sublinhou a comissária para a
protecção dos consumidores, Meglena Kuneva, na apresentação do
plano.
Os Estados membros estão também preocupados com os incêndios
florestais provocados por um cigarro. Segundo a UE, os cinco estados do
Mediterrâneo (Portugal, Espanha, França, Itália e Grécia) representam
cerca de 96% da área ardida na União Europeia. Em 2006, arderam 284 444
hectares de floresta nestes países. E, segundo dados do Centro de
Investigação Europeu, 18% dos fogos por negligência em Portugal no segundo
semestre de 2005 foram provocados pelo cigarro. Em Itália, em 2006,
constituíram 31,7% dos fogos por negligência e em Espanha, entre
1998-2004, a percentagem era de 7,8%.| |