Fumo: produtores vão
mostrar a senadores importância da atividade
Porto Alegre, 2 - Milhares de produtores de
fumo são esperados na próxima segunda-feira (6) em Santa Cruz do
Sul, a 143 quilômetros de Porto Alegre (RS), quando a Comissão de
Relações Exteriores do Senado realiza audiência pública na cidade
sobre a Convenção-Quadro para controle do Tabaco. A Federação dos
Trabalhadores na Agricultura (Fetag) discutirá os detalhes da
mobilização dos produtores na manhã desta sexta-feira, em reunião
com os sindicatos rurais da região, disse o vice-presidente da
entidade, Sérgio de Miranda. Os fumicultores poderão acompanhar a
reunião em um telão, instalado no Parque da Oktoberfest, na
cidade.
Os dirigentes do setor demonstraram surpresa com a
afirmação do presidente da comissão, senador Eduardo Suplicy
(PT-SP), que estará em Santa Cruz do Sul, de que a proposta para que
o Brasil ratifique a convenção deve ser aprovada pelos senadores.
"Acredito que os senadores virão para cá para verificar a situação",
afirmou o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil
(Afubra), Hainsi Gralow. "Temos que mostrar para os senadores a
importância da atividade e a competência dos agricultores, que
trabalham em terras acidentadas", descreveu, ao citar alguns
argumentos que a entidade vai levar à reunião.
Junto com o
aspecto econômico da produção, que gera renda para 730 mil
produtores nos três Estados do Sul, os fumicultores questionam como
serão indenizados pelos investimentos de R$ 2,7 bilhões feitos em
estufas, tecedeiras, tubulações e implementos exclusivos para a
produção de tabaco se a atividade perder mercado. "A grande idéia da
convenção é tornar inviável a comercialização de fumo no mundo",
avaliou Gralow.
A colheita de fumo na região sul deve chegar
a 900 mil toneladas na safra 2004/05, ante 851 mil toneladas da
anterior. O mercado externo recebe 85% da produção, concentrada na
região sul, que representa 95% do total. O Brasil é líder na
exportação de fumo, enviada para mais de cem países.
Sobre a
possibilidade de substituir a lavoura por outras culturas, os
fumicultores respondem que não há nenhuma com garantia de mercado e
preço, como é o caso do fumo. Gralow reconheceu que este fator é
decisivo para os produtores. "É só dar uma opção que tenha o mesmo
resultado", argumentou. Mesmo se o Brasil não ratificar a convenção,
ela já tem o reconhecimento dos 40 países necessários para que entre
em vigor, o que torna a questão mais complexa. "Os 40 países que
assinaram vão colocar inibidores para importação do fumo", opinou
Gralow. "Se (o País) aderir, vão obrigar o Brasil a colocar
cláusulas que inibam a produção e exportação", acrescentou.
A
audiência será realizada a partir das 9h30 no auditório da
Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), que tem capacidade para
810 pessoas. O acesso só será admitido para credenciados,
respeitando uma distribuição de lugares entre as entidades
convidadas. De acordo com a organização, não haverá visita dos
senadores a lavouras, por falta de tempo. A agenda do encontro prevê
uma apresentação da convenção-quadro e pronunciamentos de um
representante do governo federal, de entidades de agricultores,
indústrias, trabalhadores do setor, da câmara setorial, associação
de municípios, Associação Médica do Estado e parlamentares.
A
convenção-quadro é um tratado internacional que ganhou sua versão
final em fevereiro de 2003. Depois disso, esteve aberta para a
assinatura dos países interessados até junho de 2004. Os países que
assinaram o texto entraram na fase de ratificação do tratado pelos
respectivos Congressos. O Brasil assinou a convenção-quadro em 16 de
junho de 2003. O plenário da Câmara aprovou o tratado em maio de
2004 e a matéria foi encaminhada ao
Senado.