Foto: Jader
Souza
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Fumantes desrespeitam a lei até mesmo
em locais fechados como
restaurantes |
O cigarro comum contém mais de 4 mil substâncias tóxicas,
todas predispondo o organismo a doenças fatais ou causando a
morte precoce. No entanto, a prática do fumo em locais
fechados, como restaurantes, por exemplo, não é fiscalizada em
Boa Vista, apesar das constantes reclamações de quem se sente
incomodado com a fumaça do cigarro.
“Até em locais abertos o cigarro incomoda as pessoas.
Imagina só dentro de um restaurante fechado com
ar-condicionado ligado. Eu acho um verdadeiro abuso, mas
ninguém fiscaliza e, quando reclamamos para o dono do
restaurante, ele diz que o fumante também é cliente”, declarou
a professora Maria Laura.
Ela contou que frequentemente é vítima do que considera um
abuso. “O pior é que a pessoa almoça, tira o cigarrinho do
bolso na maior cara de pau e nem podemos pedir que se afaste
para fumar em local longe de pessoas alérgicas à fumaça ou de
qualquer um que não queira ser fumante passivo, porque forma
logo uma confusão. Então não temos a quem reclamar”,
disse.
Outro que frequentemente enfrenta problemas é o funcionário
público Marcelo Soares, 32. Ele sofre com problemas
respiratórios desde criança e afirma que não tem como
escapar da fumaça.
“Tenho que suportar a sufocação, a tosse, a intoxicação
causados pela fumaça do cigarro de pessoas sem consciência do
mal que fazem aos outros. O pior é que nem ao menos se sabe
como enfrentar o problema. A esperança é que as autoridades
façam valer a lei que proíbe o fumo em locais fechados”,
reforçou.
Segundo a representante da Associação Brasileira de Bares e
Restaurantes (Abrasel), Tereza Mota, não existe nenhuma
fiscalização efetiva para a questão. “Apesar de não ser
fiscalizado, muita gente respeita e aqui em Boa Vista se
observa pouco pessoas fumando em restaurante. Sou favorável à
implantação de uma lei específica, pois para quem não fuma
esse problema é terrível”, declarou.
Um restaurante no Centro da cidade decidiu arriscar e
aplicar a legislação antitabagista que o Governo Federal quer
ver implementada a partir de janeiro do próximo ano. “Sei que
é um risco, mas é para o bem da saúde de todos. Quando vejo um
cliente fumando após o almoço, peço para ele apagar o cigarro
e deixo claro que é proibido”, disse o gerente Pedro
David.
Luis Cláudio, um dos funcionários, conta algumas situações
engraçadas, como a de um cliente fumante que costuma sentar-se
sempre na mesma mesa e folhear o jornal do dia. Um hábito que
interrompe para fumar o cigarrinho da praxe. “Ele deixa o
jornal aberto e pede para não deixar ninguém mexer nele
enquanto vai matar o vício”, disse.
Legislação não é cumprida
O governo cobra dos municípios o cumprimento da Lei Federal
9294/96, que proíbe o fumo em locais fechados. Segundo a lei
federal em vigor, no seu artigo 2º, “é proibido o uso de
cigarros, cigarrilhas, charutos e cachimbos em recinto
coletivo, privado ou público, salvo em área destinada
exclusivamente a esse fim, devidamente isolada e com
arejamento conveniente”.
O Estado também tem uma lei em vigor há mais de 15 anos,
que trata da questão e deixa clara a proibição da prática do
tabagismo em locais fechados.
Segundo a Lei 020, de novembro de 1992, é proibida a
prática de tabagismo em quaisquer locais fechados e de uso
público, onde for obrigatório o trânsito e a permanência de
pessoas.
Apesar disso, a Vigilância Estadual afirma que a
responsabilidade da fiscalização em restaurantes é do
Município. Liduina Camelo de Melo, diretora do Departamento de
Tabagismo da Secretaria Estadual de Saúde, explicou que existe
uma luta por parte de todos para que a legislação de combate
ao fumo fique mais rígida.
“Queremos um ambiente 100% livre do cigarro. As pessoas não
respeitam os ambientes, apesar de saber dos malefícios que o
cigarro pode provocar”, afirmou. |