Agricultores de onze municípios da região
central do Estado, participantes de um curso de capacitação de
agente biodinâmico de desenvolvimento, visitaram nesta
quarta-feira (4) a Secretaria da Agricultura onde foram
recebidos pelo secretário Valter Bianchini.
A visita do
grupo, de aproximadamente cinquenta pessoas, foi organizada
por Vânia Mara Moreira dos Santos, presidente da ONG Instituto
Guardiões da Natureza, com sede em Prudentópolis. A entidade
em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário é
responsável pela execução do curso, que conta com cinco
módulos, cada um com uma temática diferente: a terra, a
planta, o animal, o homem e o agricultor como agente desse
local. “O agricultor é o construtor da paisagem, do
desenvolvimento do ambiente onde vive, e por meio do curso,
procuramos oferecer ferramentas para que eles trabalhem como
agentes de mudanças de suas comunidades”, explicou
Vânia.
Por meio dos módulos programados e orientados
por palestrantes de várias partes do país com experiências em
agricultura biodinâmica, os participantes aprendem a
desenvolver projetos e onde buscar recursos para suas
atividades. “Dentro do curso também estabelecemos um
intercâmbio com outras entidades para trocas de experiências,
e essa turma veio a Curitiba para conhecer o Circuito Italiano
de Colombo, e a Secretaria da Agricultura do Paraná, onde
estão tendo a oportunidade de saber um pouco mais sobre o
turismo rural na agricultura familiar”, esclareceu a
presidente do Instituto Guardiões da Natureza.
Parte
dos agricultores desse curso tem como principal atividade hoje
a produção de fumo na região, e um dos objetivos da ONG é
orientá-los para que procurem outras alternativas de culturas,
menos nociva à saúde e à terra. O projeto atende todo o
território Centro Sul do Paraná de forma direta e indireta.
Sua fundamentação está em um diagnóstico da realidade que
demonstra que a maioria dos municípios envolvidos abriga um
dos maiores números de produtores de fumo do Estado. “O mais
grave é que não se tem dados oficiais quanto aos problemas de
saúde pública causados pelos agrotóxicos utilizados no
Território, e poucas alternativas se apresentam aos produtores
para a conversão da fumicultura”, desabafou Vânia dos
Santos.
A presidente da ONG que trabalha desde 1998
compatibilizando o meio ambiente e o homem acredita que esse
projeto vai auxiliar no processo de desenvolvimento
sustentável dos municípios que compõem o Território, na
implantação de políticas públicas de estímulo à agricultura
familiar. No território, dos quase trinta mil agricultores
familiares, aproximadamente 30% cultivam fumo como principal
atividade na propriedade.
O projeto reúne jovens e
mulheres interessados na troca de cultura, e que apostam na
produção de orgânicos como alternativa para deixar a produção
de fumo.
Depois das explicações da representante do
grupo, e de ouvir alguns agricultores, o secretário Valter
Bianchini colocou a estrutura da Seab à disposição da entidade
para que juntos descubram novas alternativas para mudar essa
realidade. “Não é fácil achar uma cultura que numa área
pequena proporcione a mesma rentabilidade que o fumo, mas
temos que pensar em outros meios para garantir uma vida digna,
um futuro sustentável para essas famílias, e o turismo rural,
a produção de orgânicos, a médio prazo podem ser uma boa
alternativa”, esclareceu Bianchini.
Ele adiantou ainda
que a Seab, junto com o MDA e a Conab, vai descobrir novos
caminhos que sejam bons para os produtores e para os
paranaenses. “Temos que trabalhar juntos para mudar essa
realidade. Porém, não adianta produzir sem saber onde vender.
Os produtores precisam estar organizados, é importante
conhecer o mercado, formar associações, grupos organizados,
pois assim fica muito mais fácil do que trabalhar de maneira
isolada”, completou o Secretário.
Turismo Rural – O
grupo conheceu um pouco mais sobre o turismo rural. A expansão
da atividade no Paraná e de que forma ela está organizada, foi
explicada pelo Coordenador do Programa de Turismo da Seab,
Ednei Bueno. “Visitar cachoeiras e belezas naturais é
interessante, mas conhecer pessoas é muito mais interessante,
e isso pode ser proporcionado pelo turismo rural, que graças
às peculiaridades de cada região, se torna diferente em cada
município”, disse Bueno aos agricultores. A diferença, segundo
ele, está no que cada produtor pode oferecer de diferente aos
visitantes, como por exemplo a comida, o passeio de trator ou
de cavalo, a venda de produtos in natura, a hospedagem e
outras atividades que valorizam o turismo rural.
Ademar
Dessler, da Emater, também conversou com os agricultores e
mostrou outras atividades que podem ser exploradas com o
turismo rural. “São muitas as oportunidades que aparecem para
valorizar a propriedade. É possível ensinar os turistas a
colherem produtos nas horas e nos pomares, mostrar como se
produz geléias, sucos e licores, como se produz flores e chás,
como ordenhar uma vaca, colher ovos, além dos tradicionais
pesque-pague, passeios a cavalo e outros”, completou.
De acordo com Dassler o turismo rural é uma ferramenta
a mais para o agricultor explorar em sua propriedade,
principalmente para os jovens e as mulheres. “Hoje 80% dessas
atividades são tocadas por mulheres”, concluiu
Dassler.
Os agricultores que participam do curso,
coordenado pelo Instituto Guardiões da Natureza, são dos
municípios de Inácio Martins, Mallet, Rebouças, Rio Azul,
Irati, Prudentópolis, Guamiranga, Ivaí, Imbituva, Teixeira
Soares e Fernandes Pinheiro.