Por Ed Cropley
BANGCOC, Tailândia (Reuters) - Em 146 países do mundo, o aviso de
"é proibido fumar" passará a significar exatamente isso: "é proibido
fumar".
Além de elaborar leis internacionais para combater o tráfico de
cigarros, autoridades que participam de um importante encontro
antitabagista da Organização Mundial da Saúde (OMS) adotaram
definições rigorosas sobre o significado de ser proibido fumar em
bares e escritórios.
As diretrizes, que não possuem força de lei, estipulam que "não
há nível seguro de exposição à fumaça dos cigarros", acrescentando
explicitamente que medidas paliativas como a criação de áreas para
fumantes, a instalação de filtros de ar ou o uso de ventiladores não
funcionam.
"Essas diretrizes são importantes para contradizer alguns dos
mitos disseminados pela indústria do fumo", disse na sexta-feira, em
uma entrevista coletiva, Douglas Bettcher, chefe da Iniciativa
Antitabagista da OMS.
"A indústria do cigarro sabe que a proibição do fumo em espaços
públicos e nos locais de trabalho encoraja os fumantes a reduzir o
consumo de cigarro e a largar o vício. E também reduz as chances de
outras pessoas tornarem-se viciadas."
"A indústria do cigarro diz que o fumo passivo não passa de um
incômodo. Mas não se trata de um incômodo. Trata-se de algo mortal,
letal. Trata-se de uma substância altamente cancerígena", afirmou
Bettcher.
As diretrizes não vigorarão nos EUA, na Rússia e na Indonésia,
três países que não integram a Convenção Quadro para o Controle do
Tabaco (FCTC), da OMS.
No entanto, pessoas envolvidas nas campanhas de combate ao
cigarro afirmaram esperar que as diretrizes, mesmo naqueles países,
funcionem como parâmetro para as leis nacionais, estaduais e
municiais.
Autoridades da OMS também disseram acreditar que a Rússia
assinará em breve a FCTC. O governo russo deu sinais, recentemente,
de que deseja enfrentar os problemas crônicos de saúde provocados no
país pelo consumo de cigarro e álcool.
A conferência de uma semana, que acontece na capital tailandesa
até sexta-feira, também começou a fixar as bases para a aprovação de
leis internacionais contra a propaganda tabagista.
Cerca de 1 bilhão de pessoas morrerão neste século devido a
doenças relacionadas com o consumo de tabaco se os governos dos
países ricos e pobres não se mobilizarem para combater esse hábito,
afirmou Bettcher, no início da conferência.
No entanto, segundo a autoridade da OMS, se forem impostas
políticas sabidamente eficazes, como o aumento dos impostos, a
proibição da propaganda de cigarros e a criação de locais públicos
nos quais é categoricamente proibido fumar, o número de fumantes
pode cair pela metade até 2050.
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