Fábrica de cigarros adapta
instalações à proibição de fumar
Com a entrada em vigor da nova lei do tabaco,
nem na casa que fabrica cigarros será possível fumar a partir
de 01 de Janeiro de 2008.
As limitações ainda não chegaram, mas na Tabaqueira
trabalha-se para adaptar um espaço envolvido em tabaco à
proibição de fumar.
Salas para fumadores, formação aos funcionários e
distribuição de folhetos informativos aos comerciantes são
algumas das medidas aplicadas pela Tabaqueira para receber a
nova legislação, em vigor dentro de um mês.
As adaptações passam sobretudo pelos escritórios da
empresa, onde serão criadas seis salas específicas para fumar,
uma vez que na fábrica há muito que as exigências contempladas
na nova lei são já uma regra.
«Não temos ainda os números finais do investimento para
adaptar as instalações, mas para nós não é muito significativo
nem tecnicamente muito complicado», comentou em entrevista à
agência Lusa Pedro Nunes dos Santos, do departamento de
assuntos institucionais da Tabaqueira.
A par das adaptações do espaço, a empresa fez imprimir e
distribuir junto de grossistas e retalhistas 30 mil exemplares
de uma brochura com a nova lei, que os responsáveis consideram
«bastante equilibrada».
«A Tabaqueira é responsável e sabe que está a vender um
produto que é nocivo para a saúde», afirmou Nunes dos Santos,
enquanto Miguel Coleta, outro responsável do mesmo
departamento, frisou que a regulamentação é saudada pela
empresa.
Também os funcionários receberam formação sobre a nova
legislação, para que tivessem «um nível de conhecimento
superior» ao da generalidade das pessoas.
«Distribuímos um conjunto de perguntas e respostas mais
frequentes aos nossos funcionários e fizemos um 'teste' de
auto-avaliação dos conhecimento sobre a lei».
A ideia é tornar os trabalhadores da Tabaqueira capazes de
responder a quaisquer dúvidas que lhes sejam colocadas.
Com 800 trabalhadores, 600 na fábrica e 200 nos
escritórios, a empresa desconhece o universo exacto de
fumadores nos seus quadros, mas estima que estejam em minoria.
Ainda assim, só nos escritórios cada um dos três andares
terá duas salas criadas exclusivamente para que os
trabalhadores possam ir fumar e cada ala da fábrica já dispõe
de «salas de pausa» para fumadores e não fumadores, separadas
fisicamente.
Nestas salas para fumadores, os trabalhadores têm ao dispor
dispensadores de cigarros de várias marcas para consumir
gratuitamente durante as pausas, uma vez que é proibido entrar
e sair da fábrica com maços de tabaco.
Das instalações de Rio de Mouro saem anualmente em média 26
mil milhões de cigarros, mais de 50 por cento dos quais para
exportação, sobretudo para a União Europeia.
Num mercado que tem vindo a diminuir, os responsáveis da
Tabaqueira consideram que, mais que os efeitos da nova lei,
são os aumentos anuais da carga fiscal sobre o tabaco a
contribuírem para quebras nas vendas.
A partir de Janeiro, um maço das marcas mais
comercializadas poderá aumentar em média 30 cêntimos, fruto da
actualização do imposto sobre o tabaco.
«É difícil isolar apenas o efeito da nova lei», disse Nunes
dos Santos, até porque as novas regras entram em vigor em
simultâneo com a actualização do preço do tabaco e numa altura
em que as condições climatéricas são adversas para fumar nos
espaços ao ar livre.
Os responsáveis da Tabaqueira não descartam a hipótese de
num primeiro momento se verificar uma quebra, à semelhança do
que aconteceu em países como Irlanda, Espanha ou Itália, mas
acreditam que depois a tendência será para uma recuperação.
Sublinham que uma eventual quebra de vendas não significa
necessariamente uma diminuição do consumo de tabaco, uma vez
que em Portugal entram diariamente cigarros comprados em
Espanha, onde o imposto é mais baixo.
«De Espanha não entra só gasolina», avisa Nunes dos Santos,
destacando também o problema da contrafacção como podendo
contribuir igualmente para a diminuição do mercado legal de
tabaco.
A possibilidade de impor um preço mínimo para a venda de
tabaco, que está contemplada na legislação, é bem vista pela
Tabaqueira, que a encara como o passo seguinte para evitar a
venda a preços promocionais.
Alguns estados-membros já definiram esses preços mínimos,
existindo por isso actualmente um contencioso no Tribunal de
Justiça Europeu, porque a Comissão considera que esta prática
põe em causa os princípios da concorrência.
Em Portugal existem 200 grossistas e 70 a 80 mil postos de
venda de tabaco, incluindo as máquinas automáticas.
Diário Digital / Lusa
07-12-2007 10:11:00
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