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Bush é acusado de pôr política à frente da saúde
pública
Ex-autoridade do setor diz que Casa Branca omitiu dados sobre temas
como fumo passivo e contracepção por razões partidárias
Segundo ex-cirurgião-geral, governo lhe ordenou citar nome
de Bush três vezes em cada página de discursos que proferia sobre saúde
GARDINER HARRIS DO "NEW YORK TIMES"
O ex-cirurgião-geral dos Estados Unidos Richard H.
Carmona disse a uma comissão do Congresso que altos membros do governo de
George W. Bush tentaram repetidamente enfraquecer ou suprimir importantes
relatórios de saúde pública por considerações políticas. O depoimento
de Carmona, na terça-feira, aumenta o desconforto político do presidente
americano em um momento em que sua popularidade bate recordes negativos e
cresce a pressão para que ele retire as tropas dos EUA do
Iraque. Criado em 1870, o escritório do cirurgião-geral tem a missão de
preparar relatórios para educar o público americano sobre assuntos de
saúde e orientar a política da Casa Branca para o setor. O governo,
disse Carmona, não permitia que ele falasse ou fizesse relatórios sobre
células-tronco embrionárias, contracepção de emergência, educação sexual e
outros temas de saúde mental e prisional. Altos funcionários adiaram e
diluíram por anos um importante relatório sobre fumo passivo, disse ele.
Divulgado em 2006, o relatório concluiu que até uma breve exposição ao
cigarro pode causar dano imediato.
Bush três
vezes Carmona afirmou ter recebido ordens para citar o presidente
Bush três vezes em cada página de seus discursos. Também disse que foi
orientado a fazer discursos de apoio a candidatos republicanos e a
comparecer a eventos políticos. Carmona se recusou a dar os nomes das
pessoas do governo que o instruíram a colocar considerações políticas
antes das científicas. Ele disse, porém, que entre elas havia
secretários-assistentes de Saúde e Serviços Humanos e funcionários de
outros departamentos. Bill Hall, porta-voz do Departamento de Saúde e
Serviços Humanos, disse que o governo discorda das declarações de Carmona.
"A posição do governo sempre foi a de basear a saúde pública em sólidas
informações científicas", disse Hall. Emily Lawrimore, porta-voz da
Casa Branca, disse que o cirurgião-geral "é a principal voz na área de
saúde para todos os americanos". "É uma decepção para nós se ele falhou em
usar essa posição plenamente na defesa das políticas que considerava de
interesse da nação." Carmona, 57, foi cirurgião-geral entre 2002 e
2006. Ele faz parte de uma lista crescente de funcionários do passado e do
presente a acusar o governo de interferir politicamente em agências de
saúde e ciência conhecidas pelo apartidarismo. Seu depoimento ocorreu
na véspera da ratificação no Senado de seu sucessor, James W. Holsinger
Jr, marcada para hoje. Não será um processo fácil. Dois membros da
Comissão de Saúde do Senado já disseram ser contra a nomeação por causa de
um relatório que Holsinger escreveu em 1991, com críticas às relações
homossexuais. A Associação Americana de Saúde Pública também manifestou
oposição à nomeação.
Com agências internacionais
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