12ª Conferência Mundial de Câncer de Pulmão trouxe o tabagismo
para o centro do debate
O tema da palestra magna da 12ª Conferência Mundial de Câncer de
Pulmão - realizado em Seul, em setembro, surpreendeu os
participantes do evento. Com foco nas estratégias de combate ao
tabagismo, representantes de diferentes nações apresentaram cases de
sucesso no cerco à principal causa evitável de câncer. "Uma das
novidades foi a intenção de se estabelecer que todos os
profissionais de saúde, principalmente os cancerologistas, estejam
habilitados a tratar o dependente de nicotina", destaca o
oncologista Murilo Buso, diretor do Centro de Oncologia e
Hematologia de Brasília (Cettro), presente na Conferência.
Estudo apresentado no evento derrubou a idéia de que a iniciativa
da indústria tabagista de lançar cigarros com baixo teor de nicotina
e alcatrão pudesse reduzir a incidência de câncer de pulmão no
mundo. "Ficou comprovado que o número de casos da doença não caiu.
Houve a queda de um subtipo do tumor e o aumento de outro", descreve
Dr. Murilo.
No âmbito terapêutico, o evento registrou importantes avanços. Um
deles foi a introdução de anticorpo monoclonal específico para
tratamento do câncer de pulmão. "Nesse caso, a droga aumentou
sobrevida de determinado grupo de pacientes", explica o oncologista.
Os anticorpos monoclonais são remédios que atingem apenas as células
doentes. No caso do estudo apresentado, com a droga Erlotinibe, a
expectativa de vida dos pacientes foi elevada em cerca de
42%.[14]
Outro aspecto recorrente no encontro foi a customização do
tratamento. A medicina reconhece que os pacientes são diferentes e
os tipos de câncer também. A grande proposta é identificar a
combinação terapêutica para cada caso. "Precisamos ainda estar
atentos à qualidade de vida do paciente. A questão da toxidade deve
ser observada com grande cuidado", conclui Dr. Murilo.