A LEI DO TABACO É MAIS UMA FARSA!
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Há anos que se reclama por
uma lei que obrigue os fumadores a respeitarem os que não fumam,
abstendo-se, aqueles, de fumar, sempre que estejam em espaços
sociais públicos, para que os que não podem, ou não gostam de fumo,
não fiquem sujeitos às baforadas dos fumadores. Não…! Nós, não
dissemos “bacoradas”, apenas dissemos baforadas! Todos sabemos
que o vício custa milhões ao País em medicina, internamentos, dias
de trabalho perdidos e, à mistura, muito sofrimento por causa das
doenças provocadas pelo tabaco. Também todos temos, mais ou menos,
consciência de que o cigarro mata e que os fumadores passivos,
aqueles que são obrigados a engolir o fumo dos outros, são os que
mais sofrem, quando têm o azar de ter por perto um qualquer
descuidado (ou será outra coisa?) que lhe atira com o fumo para a
chávena do café ou mesmo para o prato da sopa. Os “chaminés”,
entenda-se “os fumadores”, de restaurantes, cafés, esplanadas e
outros lugares públicos bem poderiam isolar-se para satisfazerem o
seu vício, quando não são capazes de controlá-lo. Este é o
procedimento, nos países civilizados, que civilizaram as suas
gentes. Não incomodar os circunjacentes é “regra de ouro”! Por
cá, os tão insensíveis quanto dependentes do cigarro demonstram bem,
e com que deselegante descuido, o défice de educação que reina entre
nós. Mas o espaço público é de todos e, como tal, todos temos
obrigação de conservá-lo limpo, asseado e não
conspurcá-lo. Já lá vai o tempo em que os filhos se
ocultavam dos pais para fazerem as suas cigarradas e os adultos
evitavam fumar com crianças por perto, por respeito a si próprios e
à saúde delas. Mas, aos poucos e em nome de uma abusiva liberdade,
vão desaparecendo as boas maneiras e, entre nós, faz já parte da
história, a delicadeza de pedir licença aos presentes,
principalmente, às senhoras, antes de acender a tocha da poluição.
Hábitos que passaram de moda quando começámos a ver os filmes de
Hollywood com as imagens de girls fumadoras. Na Europa, provocou
escândalo e entre nós, a mulher fumadora criou muita controvérsia:
especial, duvidosa, sexy! Sexy era uma palavra nova para
português ouvir e que fazia, àquele tempo, corar muitas senhoras,
mas, num ápice, as sexy e os seus cigarros passaram a ser imagem de
marca. Quem não se lembra daquela elegantíssima dama que, no meio
dos cowboys fazia estalar o chicote no ar, enquanto na outra mão, de
braço em pose e dedos esticados, seguravam um cigarro, de onde
saíam, espirais de fumo que lhe envolviam o rosto?! … E a moda
espalhou-se pelos quatro cantos do mundo. E o recato que as senhoras
tinham em relação fumo acabou por dar lugar a um quase escandaloso
exuberantismo, na época. Depois, eles e elas passaram a sentir-se,
mais ou menos importantes, consoante a marca de tabaco que fumavam.
Houve até quem imitasse fumadores célebres e desenvolveram-se tiques
que viraram moda! Com o passar do tempo e no que diz respeito ao
tabaco e seu uso, as coisas mudaram e hoje, estão menos más no
masculino e muito piores no feminino. Agora, conhecidos que são
os malefícios do tabaco, impõe-se uma lei que obrigue os fumadores a
respeitarem os que não querem estar sujeitos aos malefícios dos seus
vícios. Só que os iluminados governos deste quase milénio País
são muito diligentes e eficientes a fazer cumprir as leis quando
elas resultam em benefícios para os cofres do Estado. E quando a
receita falha, os agentes usam mesmo aquele método tão conhecido dos
caçadores de raposas: uma espera! Se a espera falha, uma batida.
Método infalível, porque enquanto uns controlam, outros
atiram! Não, não fui multado, por enquanto! A lei anti-tabaco
vai ser uma lei para estrangeiro ver porque, para quem nos governa,
é mais importante o dinheiro do imposto do tabaco do que a saúde
dos cidadãos. E quando o turista levar com a fumaça
pelas ventas, nem vai levar a mal porque já sabia para onde
vinha. Terceiro mundo! Há anos, começou por toda a Europa a
ideia de limitar o uso do tabaco para fazer travar o alastramento do
cancro do pulmão, da faringe, da laringe e outras doenças do foro
cárdio-vascular, provocadas pelo fumo. Houve, e há, campanhas de
tomada de consciência porque é preciso proibir, definitivamente, o
tabaco ou, no mínimo, restringir os fumadores a espaços limitados
para que, não façam vítimas inocentes. Portugal, para fazer
acreditar os europeus de que não somos mais o País atrasado que por
lá se diz, começou a falar de uma lei à irlandesa. Radical! Mas
depressa governantes “baixaram a bolinha”! Bastaram meia dúzia de
dias para percebermos que os nossos governantes vergaram aos lobbies
das tabaqueiras. São os governantes que temos, no País que
somos! Se não houvesse outras razões, só esta justificava o
porquê da Irlanda ser o que é e nós sermos o que somos, dentro da
comunidade. Antes dos dois países entrarem para a União, os
irlandeses eram os mais pobres da Europa, com um nível de vida bem
inferior ao nosso, Mas, em poucos anos, a Irlanda ultrapassou-nos e,
hoje, quem mais cresce na zona Euro e com o PIB e o rendimento per
capita muito acima do português. E continua a distanciar-se!
Onde estará o segredo? - Não é o clima da Irlanda, não são as
minas de ouro e também não serão os rendimentos do petróleo. A
grande riqueza encontraram-na na educação feita como princípio e por
quem sabe: reformular competências, assunção de responsabilidades,
rigor em todos os actos, mas sempre com o exemplo vindo de cima. -
Isso é o que tem faltado. Vermos o exemplo nos nossos
governantes! Em vez disso, comportam-se como amadores na arte de
governar. E a lei do tabaco é apenas mais uma prova do que dizemos.
Se dá dinheiro, cumpra-se a lei. Se não dá dinheiro, disfarça-se a
lei! Baralham-nos a cabeça para deizaram tudo na mesma ou pior.
Sabem porquê? Porque o governo cede, desavergonhadamente, aos
lobbies das tabaqueiras e dos fumadores, como vai cedendo nas
decisões dos aeroportos, das auto-estradas, dos caminhos de ferro,
etc., etc., etc. Mas cede, essencialmente, à tentação da receita
fiscal mesmo quando uma grande parte da população vive no limiar da
pobreza, porque, a opção dogoverno, entre o conforto dos cofres do
Estado e a saúde do cidadão, o dinheiro fala sempre mais alto. Pobre
País!
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