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A LEI DO TABACO É MAIS UMA FARSA!

por António Silva em Julho 18,2007

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Há anos que se reclama por uma lei que obrigue os fumadores a respeitarem os que não fumam, abstendo-se, aqueles, de fumar, sempre que estejam em espaços sociais públicos, para que os que não podem, ou não gostam de fumo, não fiquem sujeitos às baforadas dos fumadores.
Não…! Nós, não dissemos “bacoradas”, apenas dissemos baforadas!
Todos sabemos que o vício custa milhões ao País em medicina, internamentos, dias de trabalho perdidos e, à mistura, muito sofrimento por causa das doenças provocadas pelo tabaco. Também todos temos, mais ou menos, consciência de que o cigarro mata e que os fumadores passivos, aqueles que são obrigados a engolir o fumo dos outros, são os que mais sofrem, quando têm o azar de ter por perto um qualquer descuidado (ou será outra coisa?) que lhe atira com o fumo para a chávena do café ou mesmo para o prato da sopa.
Os “chaminés”, entenda-se “os fumadores”, de restaurantes, cafés, esplanadas e outros lugares públicos bem poderiam isolar-se para satisfazerem o seu vício, quando não são capazes de controlá-lo. Este é o procedimento, nos países civilizados, que civilizaram as suas gentes. Não incomodar os circunjacentes é “regra de ouro”!
Por cá, os tão insensíveis quanto dependentes do cigarro demonstram bem, e com que deselegante descuido, o défice de educação que reina entre nós. Mas o espaço público é de todos e, como tal, todos temos obrigação de conservá-lo limpo, asseado e não conspurcá-lo.   Já lá vai o tempo em que os filhos se ocultavam dos pais para fazerem as suas cigarradas e os adultos evitavam fumar com crianças por perto, por respeito a si próprios e à saúde delas. Mas, aos poucos e em nome de uma abusiva liberdade, vão desaparecendo as boas maneiras e, entre nós, faz já parte da história, a delicadeza de pedir licença aos presentes, principalmente, às senhoras, antes de acender a tocha da poluição. Hábitos que passaram de moda quando começámos a ver os filmes de Hollywood com as imagens de girls fumadoras. Na Europa, provocou escândalo e entre nós, a mulher fumadora criou muita controvérsia: especial, duvidosa, sexy!
 Sexy era uma palavra nova para português ouvir e que fazia, àquele tempo, corar muitas senhoras, mas, num ápice, as sexy e os seus cigarros passaram a ser imagem de marca. Quem não se lembra daquela elegantíssima dama que, no meio dos cowboys fazia estalar o chicote no ar, enquanto na outra mão, de braço em pose e dedos esticados, seguravam um cigarro, de onde saíam, espirais de fumo que lhe envolviam o rosto?!
… E a moda espalhou-se pelos quatro cantos do mundo. E o recato que as senhoras tinham em relação fumo acabou por dar lugar a um quase escandaloso exuberantismo, na época. Depois, eles e elas passaram a sentir-se, mais ou menos importantes, consoante a marca de tabaco que fumavam. Houve até quem imitasse fumadores célebres e desenvolveram-se tiques que viraram moda!
Com o passar do tempo e no que diz respeito ao tabaco e seu uso, as coisas mudaram e hoje, estão menos más no masculino e muito piores no feminino.
Agora, conhecidos que são os malefícios do tabaco, impõe-se uma lei que obrigue os fumadores a respeitarem os que não querem estar sujeitos aos malefícios dos seus vícios.
Só que os iluminados governos deste quase milénio País são muito diligentes e eficientes a fazer cumprir as leis quando elas resultam em benefícios para os cofres do Estado. E quando a receita falha, os agentes usam mesmo aquele método tão conhecido dos caçadores de raposas: uma espera! Se a espera falha, uma batida. Método infalível, porque enquanto uns controlam, outros atiram!
Não, não fui multado, por enquanto!
A lei anti-tabaco vai ser uma lei para estrangeiro ver porque, para quem nos governa, é mais importante o dinheiro do imposto do tabaco do que a saúde dos  cidadãos.
 E quando o turista levar com a fumaça pelas ventas, nem vai levar a mal porque já sabia para onde vinha.
Terceiro mundo!
Há anos, começou por toda a Europa a ideia de limitar o uso do tabaco para fazer travar o alastramento do cancro do pulmão, da faringe, da laringe e outras doenças do foro cárdio-vascular, provocadas pelo fumo. Houve, e há, campanhas de tomada de consciência porque é preciso proibir, definitivamente, o tabaco ou, no mínimo, restringir os fumadores a espaços limitados para que, não façam vítimas inocentes. Portugal, para fazer acreditar os europeus de que não somos mais o País atrasado que por lá se diz, começou a falar de uma lei à irlandesa. Radical!
Mas depressa governantes “baixaram a bolinha”! Bastaram meia dúzia de dias para percebermos que os nossos governantes vergaram aos lobbies das tabaqueiras.
 São os governantes que temos, no País que somos!
Se não houvesse outras razões, só esta justificava o porquê da Irlanda ser o que é e nós sermos o que somos, dentro da comunidade.
Antes dos dois países entrarem para a União, os irlandeses eram os mais pobres da Europa, com um nível de vida bem inferior ao nosso, Mas, em poucos anos, a Irlanda ultrapassou-nos e, hoje, quem mais cresce na zona Euro e com o PIB e o rendimento per capita muito acima do português. E continua a distanciar-se!
Onde estará o segredo? - Não é o clima da Irlanda, não são as minas de ouro e também não serão os rendimentos do petróleo. A grande riqueza encontraram-na na educação feita como princípio e por quem sabe: reformular competências, assunção de responsabilidades, rigor em todos os actos, mas sempre com o exemplo vindo de cima. - Isso é o que tem faltado.
Vermos o exemplo nos nossos governantes!
Em vez disso, comportam-se como amadores na arte de governar. E a lei do tabaco é apenas mais uma prova do que dizemos. Se dá dinheiro, cumpra-se a lei. Se não dá dinheiro, disfarça-se a lei!
Baralham-nos a cabeça para deizaram tudo na mesma ou pior. Sabem porquê?
Porque o governo cede, desavergonhadamente, aos lobbies das tabaqueiras e dos fumadores, como vai cedendo nas decisões dos aeroportos, das auto-estradas, dos caminhos de ferro, etc., etc., etc. Mas cede, essencialmente, à tentação da receita fiscal mesmo quando uma grande parte da população vive no limiar da pobreza, porque, a opção dogoverno, entre o conforto dos cofres do Estado e a saúde do cidadão, o dinheiro fala sempre mais alto. Pobre País!

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