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13% das mortes em
Portugal são devidas a doenças respiratórias
RUTE ARAÚJO RODRIGO CABRITA
(imagem)
"Qual
é a morte mais terrível? Um ataque cardíaco, um AVC, um acidente de avião,
de carro, ou morrer por sufocação?" A pergunta, feita pelo representante
da Organização Mundial de Saúde Portugal, Álvaro Cruz, é mesmo para o
deixar a pensar. As doenças respiratórias crónicas são mesmo assim, uma
dificuldade permanente de respirar e... "uma morte terrível". A boa
notícia é que são quase todas evitáveis. E esse é um dos grandes
objectivos da GARD, uma aliança internacional para combater estas
patologias, à qual Portugal está associado desde ontem. No País, as
doenças respiratórias representam 13% do total de mortes (12 421 por ano),
de acordo com o Observatório Nacional.
Com o patrocínio da OMS, a
GARD inclui já 16 países em todo o mundo e quer funcionar como uma
plataforma para incentivar os estados a avançar com políticas de prevenção
e controlo destas doenças. Asma, doença pulmonar obstrutiva crónica ou
rinite alérgica são algumas delas. Além disso, a aliança faz um trabalho
de levantamento de dados sobre o impacto destas patologias na
população.
Os números mundiais não deixam dúvidas sobre a
incidência destes problemas. Quatro milhões de óbitos por ano, 38 pessoas
a morrer a cada cinco minutos. Em 2030, serão a quarta doença com maior
impacto, logo a seguir ao HIV/sida, à depressão e às doenças coronárias.
Tal como para a diabetes, doenças do coração ou obesidade, a prevenção
está nos estilos de vida saudáveis.
Como explicou Jean Bousquet, um
dos fundadores da GARD, "toda a gente está exposta a factores de risco". O
fumo do tabaco, activo ou passivo, é um dos principais. Mas também a
exposição ao fumo da combustão de materiais sólidos para cozinhar ou para
aquecimento é outro dos factores de risco que os especialistas querem
fazer diminuir.
A GARD Portugal - que tem à frente o médico Rosado
Pinto, director do serviço de Imunoalergologia do Hospital D. Estefânia,
em Lisboa, reúne 17 associações governamentais, profissionais e de
doentes. Jean Bousquet diz que a GARD não é uma sociedade nem uma
organização, mas um programa de saúde pública.
Um dos grandes
problemas nestas patologias continua a ser a falta de diagnóstico. Como
explicou o médico Mário Almeida, em cada uma delas calcula-se que apenas
50% dos casos estejam identificados e acompanhados.
Um inquérito
recente da Sociedade de Alergologia a cinco mil crianças entre os três e
os cinco anos mostra que 21% apresenta queixas e, destas, 10% teve falta
de ar mais de quatro vezes no último ano. Apesar disso, apenas 20% já
tinha um diagnóstico médico de asma. "Houve aqui oportunidades de
intervenção", que se perderam, afirmou o médico Mário Almeida.| |