Domingo, 21 de Outubro de 2007
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21.10.07
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13% das mortes em Portugal são devidas a doenças respiratórias


RUTE ARAÚJO
RODRIGO CABRITA (imagem)
"Qual é a morte mais terrível? Um ataque cardíaco, um AVC, um acidente de avião, de carro, ou morrer por sufocação?" A pergunta, feita pelo representante da Organização Mundial de Saúde Portugal, Álvaro Cruz, é mesmo para o deixar a pensar. As doenças respiratórias crónicas são mesmo assim, uma dificuldade permanente de respirar e... "uma morte terrível". A boa notícia é que são quase todas evitáveis. E esse é um dos grandes objectivos da GARD, uma aliança internacional para combater estas patologias, à qual Portugal está associado desde ontem. No País, as doenças respiratórias representam 13% do total de mortes (12 421 por ano), de acordo com o Observatório Nacional.

Com o patrocínio da OMS, a GARD inclui já 16 países em todo o mundo e quer funcionar como uma plataforma para incentivar os estados a avançar com políticas de prevenção e controlo destas doenças. Asma, doença pulmonar obstrutiva crónica ou rinite alérgica são algumas delas. Além disso, a aliança faz um trabalho de levantamento de dados sobre o impacto destas patologias na população.

Os números mundiais não deixam dúvidas sobre a incidência destes problemas. Quatro milhões de óbitos por ano, 38 pessoas a morrer a cada cinco minutos. Em 2030, serão a quarta doença com maior impacto, logo a seguir ao HIV/sida, à depressão e às doenças coronárias. Tal como para a diabetes, doenças do coração ou obesidade, a prevenção está nos estilos de vida saudáveis.

Como explicou Jean Bousquet, um dos fundadores da GARD, "toda a gente está exposta a factores de risco". O fumo do tabaco, activo ou passivo, é um dos principais. Mas também a exposição ao fumo da combustão de materiais sólidos para cozinhar ou para aquecimento é outro dos factores de risco que os especialistas querem fazer diminuir.

A GARD Portugal - que tem à frente o médico Rosado Pinto, director do serviço de Imunoalergologia do Hospital D. Estefânia, em Lisboa, reúne 17 associações governamentais, profissionais e de doentes. Jean Bousquet diz que a GARD não é uma sociedade nem uma organização, mas um programa de saúde pública.

Um dos grandes problemas nestas patologias continua a ser a falta de diagnóstico. Como explicou o médico Mário Almeida, em cada uma delas calcula-se que apenas 50% dos casos estejam identificados e acompanhados.

Um inquérito recente da Sociedade de Alergologia a cinco mil crianças entre os três e os cinco anos mostra que 21% apresenta queixas e, destas, 10% teve falta de ar mais de quatro vezes no último ano. Apesar disso, apenas 20% já tinha um diagnóstico médico de asma. "Houve aqui oportunidades de intervenção", que se perderam, afirmou o médico Mário Almeida.|
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