A partir do primeiro dia do Ano Novo, os 13,5 milhões de fumadores franceses deverão renunciar ao vício em todos os cafés, restaurantes, hotéis, discotecas ou casinos do país.

Os transportes, empresas, estabelecimentos escolares e hospitais do país já eram locais vedados aos fumadores desde Fevereiro de 2007.

A ministra da Saúde, Roselyne Bachelot, já assegurou que não haverá qualquer «tolerância». «O decreto está pronto há um ano, toda a gente está ao corrente que ele vai ser aplicado. Não apanhamos ninguém de surpresa», recordou.

Os fumadores inveterados expõem-se ao pagamento de uma multa que pode ir até aos 450 euros, enquanto que os profissionais podem ser multados até 750 euros se não fizerem aplicar a lei nos respectivos estabelecimentos.

«O problema não é aborrecer seja quem for, mas o de evitar 66 mil mortes por ano devido ao tabagismo activo e mais de 5 mil mortes por ano por tabagismo passivo», afirmou a ministra.

Para acompanhar a proibição, o governo previu a participação nos custos dos tratamentos para ajudar à desabituação tabágica (selos, pastilhas elásticas ou medicamentos). Uma campanha sobre os perigos do cigarro acaba de ser lançada na televisão.

Os fumadores serão doravante relegados para os passeios. Estão previstas excepções para os terraços e esplanadas, na condição de não estarem cobertas pelo menos num dos lados.

A firmeza das autoridades provocou a contestação dos pequenos estabelecimentos e postos de venda de tabaco.

«A 01 de Janeiro vão ocorrer alguns incidentes que ninguém deseja», advertiu René Le Pape, presidente da Confederação Nacional dos retalhistas.

Os proprietários de restauração estão divididos quanto à medida. Alguns, como os membros da União dos Profissionais das Indústrias de Hotelaria, duvidam que ocorra uma redução «catastrófica» da sua clientela. Para outros, a baixa esperada da clientela de fumadores será largamente compensada por uma subida de clientes não fumadores.

Um outro empresário considera que as pessoas não terão outra alternativa senão regressar aos estabelecimentos comerciais. «Eles continuam a apanhar o comboio ou avião desde que a proibição de fumar entrou em vigor» nos transportes, recorda.

Uma sondagem de opinião realizada em Fevereiro mostra que 86 por cento dos franceses são favoráveis às novas medidas restritivas.

Segundo uma outra sondagem realizada em meados de Outubro, uma esmagadora maioria de franceses (85 por cento) tem a intenção de continuar a frequentar os bares e cafés após o dia 01 de Janeiro, mas 66 por cento são favoráveis à possibilidade de situações mistas para fumadores e não fumadores nestes locais.

A medida suscita por vezes iniciativas originais: o grupo de casinos Barrière distribuirá, por exemplo, milhares de pastilhas com nicotina para tentar acalmar os seus clientes e propõe mesmo narguilés (cachimbo turco) de oxigénio, com «efeito ligeiramente euforizante».

Diário Digital / Lusa

27-12-2007 12:38:00