O consumo de tabaco e seus derivados em todo o país poderá ser reduzido caso
seja aprovado projeto de lei (PLS 176/07) do senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS) que cria o
Fundo Nacional de Proteção aos Trabalhadores da Fumicultura (FNF) e institui a
Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide) sobre a importação, a
fabricação e a comercialização de charutos, cigarrilhas, cigarros de fumo
(tabaco) ou de seus sucedâneos em todo o território nacional.
Pela proposta, que está sendo relatada pelo senador Paulo Paim (PT-RS) na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH),
o FNF terá a finalidade de proteger os trabalhadores do setor e estimular a
diversificação de atividades econômicas nas áreas cultivadas com tabaco. Segundo
Zambiasi, o projeto é um esforço do Congresso Nacional no sentido de estabelecer
mecanismos adequados para enfrentar as conseqüências sociais e econômicas que, a
longo prazo, surgirão com o êxito das estratégias de redução da demanda do
tabaco, uma tendência, segundo ele, " internacional e irreversível".
"Se, efetivamente, de um lado, a saúde pública e a população como um todo se
beneficiariam com a maior redução do consumo do tabaco, por outro, os
agricultores que sobrevivem dessa cultura e os trabalhadores das indústrias
fumageiras serão diretamente atingidos, cabendo-nos adotar providências capazes
de minimizar esse impacto e garantir a sobrevivência econômica desses
indivíduos", justificou Zambiasi.
Do total arrecadado com o FNF, o projeto prevê que 7,5% serão destinados à
pesquisa e ao desenvolvimento de novas culturas; 15% ao financiamento de
equipamentos, matéria-prima e demais materiais necessários para o agricultor que
reduzir ou deixar de plantar tabaco, e 30% ao produtor rural do tabaco,
incluindo o sócio/meeiro e o trabalhador temporário. Outros 40% serão destinados
ao estudo e ao tratamento das doenças decorrentes do uso do tabaco e ainda 7,5%
ao trabalhador da indústria do fumo.
Contribuição
Já a Cide-Fumo, que não incidirá sobre as receitas de exportação, terá uma
alíquota de 15%, a ser aplicada sobre o valor da nota fiscal de venda para
comercialização no mercado interno de charutos, cigarrilhas, tabaco e
sucedâneos.
Zambiasi esclarece ainda que tem consciência de que seu projeto, caso se
torne lei, contribuirá para o aumento dos preços dos derivados de tabaco. Mas
isso, explica ele, é justamente o que diminuirá o consumo de fumo no país.
- A medida mais efetiva para o combate ao consumo de sucedâneos manufaturados
do fumo é o incremento dos preços. Estudos indicam que um aumento de preços na
ordem de dez por cento é capaz de reduzir o consumo de produtos derivados do
tabaco em cerca de oito por cento em países de baixa e média renda, como o
Brasil, além de gerar aumento de arrecadação de impostos para os governos -
justificou o senador pelo Rio Grande do Sul.
Depois de analisada pela CDH, a matéria segue ainda para as Comissões de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) e de Assuntos Econômicos (CAE), esta última em decisão terminativa.