Um em cada três trabalhadores portugueses considera que a sua saúde ou segurança estão em risco no trabalho e metade diz que trabalha em cargos cansativos e dolorosos, segundo um estudo hoje divulgado, noticiou a Lusa.
Entre 19 de Setembro e 30 e Outubro de 2005, a Fundação Europeia levou a cabo o seu 4.º Inquérito Europeu sobre as Condições de Trabalho que avaliou a estrutura laboral em 31 países.
Os cerca de 30.000 trabalhadores inquiridos em 31 países (25 Estados-Membros da UE, Bulgária e Roménia, Turquia, Croácia, Noruega e Suíça) reponderam a mais de 100 perguntas sobre uma vasta gama de questões relacionadas com a sua situação laboral e as suas condições de trabalho.
Quase um em cada três trabalhadores (31,4 por cento) considera que sua saúde ou segurança estão em risco no trabalho, e mais de metade (57,1 por cento) trabalha em cargos cansativos ou dolorosos.
Uma alta percentagem de portugueses relatou dores de cabeça (23,9 por cento) e dores musculares (28,8 por cento).
Os números médios correspondentes para os países da UE27 são significativamente mais baixos: 15,5 por cento e 22,8 por cento, respectivamente.
Por outro lado, o relatório revela que um em cada cinco trabalhadores continua a estar exposto à inalação de fumo.
Segundo o estudo, existem três factores de risco: ergonómico, biológico/químico e de ruído.
Mais de 60 por cento dos trabalhadores europeus reportaram exposição a risco físico.
O estudo revela contudo que em 10 anos (de 1995 a 2005) houve um decréscimo do número de trabalhadores expostos a radiações, a produtos químicos e à inalação de tabaco e fumo mas ainda assim um em cinco trabalhadores europeus relata estar exposto ao fumo do tabaco pelo menos um quarto do tempo de trabalho.
No entanto, a exposição ao ruído aumento desde 2000.
O estudo hoje apresentado em Lisboa revela ainda que um em 20 trabalhadores europeus já passou por situações de perseguição laborar nos últimos 12 meses e uma proporção semelhante revela ter estado exposto a violência.
Apenas um trabalhador europeu em cada 100 revela experiências de discriminação relativas a religião, origem étnica ou orientação sexual.
O estudo revela assim que há uma maior incidente de exposição a violência nos países do norte e mais baixa no sul.
A evolução do Inquérito sobre as Condições de Trabalho reflecte igualmente a evolução da própria Europa: os 12 países cobertos em 1991 passaram a 15 em 1995 e 2000 (com uma extensão para abranger os então 10 países candidatos, em 2001) e a 25 países da UE mais quatro países em vias de adesão e 2 países membros da Associação Europeia de Comércio Livre, em 2005.