Os maços de tabaco vendidos no Reino Unido passarão a incluir, até 2009, imagens sobre as consequências do consumo para a saúde, no âmbito de uma campanha que se iniciará em Outubro do próximo ano.
O ministro inglês da Saúde, Alan Johnson, citado pela BBC on-line, referiu haver provas em outros países de que as novas imagens ajudam as pessoas a desistir de fumar.
«Pensamos que vamos ajudar muitas pessoas que queiram deixar de fumar - e a vasta maioria quer desistir - e esta medida irá dar-lhes um auxílio extra», considerou.
Os grupos anti-tabaco aplaudiram a medida e defendem que deviam ser escolhidas as imagens mais explícitas possível, enquanto os grupos de fumadores referem que está a existir uma «vitimização» dos fumadores e que poderia ser adoptada a mesma campanha para as garrafas de álcool, «mas o governo não quer ofender a maioria».
Em Portugal, um anteprojecto conhecido no ano passado previa que todos os maços de cigarros apresentassem mensagens escritas gerais de advertência combinadas com fotografias ou ilustrações sobre os efeitos nefastos do tabaco.
Mas na versão final da lei, publicada a 14 de Agosto e que entrará em vigor em 2008, essa disposição não existe.
«Trata-se de uma proposta que nunca chegou à Assembleia da República porque depois de uma avaliação deve ter sido considerado que não era a forma mais eficaz de passar a mensagem. Temos no passado, antes do 25 de Abril, o exemplo da campanha com o slogan "droga, loucura, morte" que se revelou absolutamente ineficaz», disse à Lusa Maria de Belém Roseira, presidente da Comissão Parlamentar de Saúde.
Porém, exemplos de imagens chocantes utilizadas em outros países deverão ser expostas no Parlamento até ao final do ano, para dar a conhecer estratégias alternativas de combate ao consumo de tabaco, segundo a deputada do PS.
A eficácia das imagens nos maços de tabaco foi questionada pelo presidente da Associação Nacional de Tuberculose e Doenças Respiratórias (ANTDR), Teles Araújo, mas apoiada pela pneumologista e membro do projecto mundial GOLD Paula Simão.
A especialista do Hospital Pedro Hispano (Matosinhos) lembrou à Lusa a frase «uma imagem vale mais que mil palavras» para defender que a mensagem pictórica é «mais forte, chocante e incisiva, até porque a maior parte dos fumadores nem lêem o que está escrito nos maços».
«O ideal seria não recorrer a medidas proibitivas e que as pessoas compreendessem os malefícios. Mas a verdade é que essas medidas têm dado resultados e as imagens chocantes, embora não fossem o método mais simpático, poderiam ter mais sucesso no envio da mensagem e ser mais uma medida na campanha anti-tabágica», considerou.