Exemplo familiar estimula 1ª tragada e vício
começa antes dos 14 anos
Data: 29/08/2007
Contrariando a tendência de que a primeira
tragada é estimulada na adolescência entre amigos,
pesquisa da Secretaria Estadual da Saúde revelou que o
exemplo familiar estimula a primeira tragada e que
metade dos fumantes paulistas iniciou o vício entre
seis e 14 anos de idade. No Dia Nacional de Combate ao
Fumo, os dados servem de alerta. Quem quer abandonar o
vício, normalmente consegue somente após a quarta
tentativa. A dependência do cigarro envolve
diversos fatores, desde a indústria do tabaco,
aspectos comportamentais, fumantes passivos até as
doenças mais graves como o câncer de pulmão. Às
vésperas do dia de combate, pesquisa estadual feita
por intermédio do Centro de Referência em Álcool
Tabaco e Outras Drogas (Cratod) com 500 pessoas
atendidas na unidade entre fevereiro de 2006 e
fevereiro de 2007 mostrou que na infância, o início do
vício aconteceu entre os seis e os 11 anos para 13,46%
dos fumantes. Outros 36,54% começaram a fumar entre os
12 e os 14 anos, faixa etária onde a iniciação ao
consumo do cigarro é maior dentre todas as analisadas.
Para 28,85% dos fumantes, o cigarro passou a fazer
parte da rotina entre os 15 e os 20 anos. Do total
de pessoas pesquisadas pelo Cratod, 67% possuem um
fumante na família. Na avaliação do pneumologista e
diretor da Medical, João Carlos Rodrigues de Almeida,
os dados servem de alerta e mostram que o problema não
pode ser combatido apenas pelas autoridades. “O
exemplo é o grande incentivador do vício”. Ainda
segundo a pesquisa, os jovens são mais suscetíveis ao
fumo, pois não sentem os efeitos de imediato. No
total, quase 80% das pessoas começam a fumar antes dos
20 anos.
DEPENDÊNCIA
Na outra
extremidade da pesquisa, um dado mostra que apenas
7,69% das pessoas começam a fumar após os 25 anos e
somente 1,92% após os 30 anos. Além disso, as
mulheres querem mais parar de fumar do que os homens.
Das 500 pessoas atendidas no Cratod entre fevereiro de
2006 e fevereiro de 2007, 57% são do sexo feminino e
43% do sexo masculino. Elas alegam fatores como a
rejeição dos homens, redução da fertilidade, riscos de
doenças cardiovasculares e câncer de pulmão estão
entre os principais motivos para abandonar o
vício. No entanto, de acordo com o pneumologista, a
maioria das pessoas que tentam parar de fumar só
consegue êxito na quarta tentativa. “Isso não deve
servir para o indivíduo se sentir culpado. O paciente
precisa de ainda mais incentivos”, afirmou. Além de
assumir realmente o desejo de tratar a dependência, o
especialista ressaltou que é necessário compreender a
necessidade de medidas conjuntas. Não basta apenas
utilizar os medicamentos disponíveis, mas
contextualizar o tratamento. “Há executivos que só
conseguem trabalhar quando acendem o cigarro da mesma
forma que existem donas de casa que iniciam seus
afazeres depois ou enquanto fumam”. Nestes dois
exemplos típicos, o tratamento consiste também na
mudança de hábitos, além de apoio psicológico. De
acordo com o Ministério da Saúde, mais de cinco
milhões de pessoas no mundo morrem devido ao uso do
tabaco. Pesquisas da Organização Mundial da Saúde
(OMS) apontam que se esse hábito, nada saudável,
continuar a crescer, por volta de 2020 esse número
subirá para 10 milhões de mortes ao ano. O
tabagismo se relaciona a mais de 50 tipos de doenças,
como câncer de pulmão, de boca e de faringe,
cardiopatias e até impotência sexual. (ESS)